terça-feira, 14 de abril de 2020

Foi em 1980




            Sábado. Na pequena cidade haveria, logo mais à noite, um baile. Norberto estava, a postos, na espera do grande evento. As músicas que rolariam seriam a dos anos oitenta. Estranhamente, nenhum dos três amigos de Norberto poderia ir ao baile. Norberto, irritado, resolveu ir ao baile nem que fosse sozinho. Assim fez, adorava músicas dos anos oitenta, principalmente as internacionais, não poderia perder esta oportunidade de ouvir um flashback. O traje para o baile era livre, mas alguns iriam com roupas temáticas. Norberto resolveu ir bem simples, com calça jeans, all star pretos e camiseta de malha preta. Norberto não usava nenhum acessório tipo brinco, piercing, relógio, pulseiras ou colares. Isso o incomodava, gostava de se sentir o mais natural possível. Contava com 24 anos e considerava-se uma pessoa normal, trabalhava como técnico de segurança do trabalho na maior empresa da cidade, ainda residia com os pais e, há dois meses havia levado um fora da namorada. Seu coração só não estava despedaçado porque nunca amara a namorada. Quis ir ao baile principalmente porque gostava de música dos anos oitenta. No entanto, como iria sozinho, pensou em se embriagar um pouco para sentir-se mais à vontade, afinal de contas, Norberto, como a maioria de nós, ficava um tanto inseguro quando estava em um evento social sem companhia.
            Às 22 horas saiu com o seu Uninho prata de quatro portas. Deu umas voltas pela cidade, passou pela rua da praça, paquerou algumas mulheres, disfarçadamente; visto que era tímido. Encostou no Bonamigos Bar e requisitou um conhaque. Era o esquenta antes da entrada. Com o leve efeito da bebida decidiu trilhar rumo ao baile. Entrou no Uninho, arriscou ser pego no bafômetro. Entretanto sabia que não seria pego, principalmente porque não havia policiais que dessem conta da demanda. Foi. Tentou achar uma vaga na rua do lado do ginásio de esportes, onde seria o baile. Conseguiu estacionar perto de uma quadra de bocha. Fechou o carro e caminhou em direção ao evento. No lado de fora a faixa decorada: “Baile Anos 80”. Norberto sentiu alegria ao ler aqueles dizeres. Já tinha o ingresso na mão; entrou na fila. Eram já 22h50min! O evento estava programado para iniciar as vinte e três horas. Ainda não havia muita gente na fila. A maioria do pessoal costumava entrar para esse tipo de evento de meia noite e meia à uma hora.
            Na fila, um grupinho de cinco garotas chamava atenção pela alegria típica da adolescência. Eram todas lindas e vestiam shorts curtos. Norberto desviou os olhos, hoje tinha vindo pela música. Havia vários casais de namorados adentrando. As músicas do baile, em sua maioria, seriam tocadas por um DJ. Entregou o ingresso para a mulher encarregada de retê-lo e, em seguida, foi instado a dar três passos para frente, tendo sido submetido a uma revista pessoal realizada por um enorme segurança. Após isso, Norberto deu uma olhada no ambiente, cuja decoração era simplesmente genial: Um globo no centro, tecidos para diminuir a altura natural do recinto e, nas paredes laterais, imensos pôsteres das grandes bandas e cantores dos anos 80. Entrou no clima rapidamente, sentiu-se bem. Pena não ter nenhum de meus amigos aqui, pensou.
            Depois de observar a decoração, foi ao banheiro, que ficava logo ao lado direito de quem entrava, dirigiu-se ao mictório, fez o que tinha de fazer, lavou as mãos e finalmente deu uma olhada no espelho visualizando sua tez branca e seus cabelos pretos curtos e arrepiados com um pouco de gel brilhante. Achou que estava bem. Quando voltou do toalete decidiu comprar uma latinha de cerveja. Não queria sair do clima. Naquela hora o baile estava quase vazio. Dez minutos depois começou a seleção de músicas. Norberto estava curtindo muito os sons que estavam sendo tocados. Um detalhe, o cara que regulou o equipamento estava de parabéns, o som estava na medida certa. Dava para curtir a música com qualidade.
            Pouco a pouco foi enchendo; logo o velho ginásio de esportes estaria com muita gente. Norberto ficou mais ou menos no meio do salão. Encostou uma das mãos no alambrado enquanto curtia o som e visualizava o telão. Em algumas músicas mais dançantes ele até que se mexia um pouco, mas como estava inseguro por estar sozinho se conteve. Viu sua ex-namorada, que estava de mão dadas com um carinha. Ignorou-a, apesar de ter notado que sempre ela dava uma olhadela, provavelmente para verificar se o ex ainda sentia alguma coisa; ou, talvez, só para exercitar um pouco a sua costumeira sarcacidade. Norberto pensou, eles se merecem, e virou as costas enquanto dançava embaladamente, como que para demonstrar que a presença dela lhe era indiferente. De fato, não estava fingindo.
            Um grupinho de meninas começou a dançar próximo. Ele foi buscar mais cerveja enquanto curtia a música e observava as garotas e seus trajes e pernas. Não tinha a intenção de chegar em ninguém, mas, oportunista como era, não seria de duvidar que se enlaçasse com a primeira que lhe desse mole.
            Faltando dez para as duas, uma banda cover da Guns N’ Roses daria uma palhinha. Seria um dos grandes momentos do baile. A banda começou tocar exatamente às duas; era o momento pico do baile. Todos estavam em clima de festa. Norberto, curtia, dançava e bebia, já meio zonzo e rindo à toa. Olhando a sua volta percebeu uma porção de homens a sua frente, cujos olhares estavam voltados para trás de si. Instintivamente olhou para onde estavam olhando e viu, bem no centro do local, uma moça lindíssima, com os cabelos curtos com corte chanel repicado, portando reflexos em tonalidade que variava de branco a loiro. Estava com dois tipos de braceletes de couro preto cobrindo seus antebraços. Vestia uma minissaia e uma camiseta branca e bem ajustada. Calçava um coturno preto de cano curto e meias coloridas até a metade do tornozelo. Ela devia ter um metro e setenta. Tinha proporções generosas: coxas grossíssimas e brancas como a neve, sem nenhum defeito aparente. Seios grandes e quadril largo, sem barriga saliente. Os lábios dela eram médios e estavam retocados com batom negro. Maquiou-se com sombras negras nos olhos, o que destacava a cor castanha clara deles. Tinha um sorriso estonteante, era sensual demais e simpática demais e linda demais. Quando Norberto pôs os olhos na garota não mais conseguiu retirar sua atenção dela.
            Ela estava sozinha, mas não ficaria só por muito tempo. Os rapazes que estavam solteiros começaram a rodeá-la, enquanto dançava. A moçoila parecia um anjo sensual, não havia vulgaridade em seus gestos e roupas, apenas sensualidade, graça e beleza. Norberto vendo isso virou mais uma latinha de cerveja e foi buscar outra. Notou que até os homens que estavam com namoradas não conseguiam tirar os olhos daquela musa. As namoradas estavam ficando com cara feia, discutiam com os namorados, mas eles dissimulavam e voltavam os olhos em direção à sensação da noite. Até os músicos vira e mexe davam olhadas para ela.
            Norberto voltou ao seu lugar, observava a moça que estava rodeada por uns cem rapazes; era curioso, pois aqueles que a rodearam se mantinham em um raio de três metros em relação a ela, que dançava com muita sensualidade. As moças solteiras ficaram desapontadas. De repente, nenhum homem as notava, todos os machos tinham olhos apenas para aquela beldade de lábios negros. Interessante que ninguém lhe dirigia a palavra, apenas a ficavam olhando como cachorros que observam um osso, esperando que o dono faça um sinal e possam abocanhá-lo.
            As pessoas estavam dispostas pelo salão da seguinte forma: no centro da quadra a gata misteriosa e sensualíssima. Num raio de três metros em volta dela, aproximadamente cem homens a olhando dançar, completamente hipnotizados. Atrás do círculo de rapazes, umas sessenta garotas solteiras com os braços cruzados, comentando, com inveja, a pouca vergonha que estava acontecendo e se questionando quem seria aquela garota de fora, pois ninguém da pequena cidade a conhecia. Os casais com namorados estavam à frente, perto do palco, mas suas atenções estavam canalizadas para a moça ao centro, de sorte que as namoradas estavam com cara de quem brigou com o mundo. Algumas mais ciumentas tentavam forçar seus namorados a olharem em outra direção, mas eles se quedavam insensíveis a seus apelos.
            A garota sensação dançava no meio de todos aqueles rapazes. Por um momento ficou parada e repentinamente apontou o dedo para um deles e o chamou com um gesto de mão irresistível. O rapaz foi sem pestanejar; ao chegar à frente dela a abraçou ao passo que a garota o beijou na boca. Um beijo nem muito longo nem muito curto. Em seguida ela fez sinal para que o rapaz se afastasse. Ele a obedeceu como um cordeirinho. Assim que o rapaz saiu ela apontou o dedo para outro e o beijou, depois outro e outro. Começou a beijar todos eles, um a um. Norberto observava a cena de um ponto um pouco distante. Era o único solteiro da festa que não estava circundando a moça.
            As raparigas solteiras começaram a se indignar com tamanho descaramento, muitas denominaram a beijoqueira utilizando vários impropérios e palavrões. As garotas que estavam com os namorados ficaram possessas, retiraram os namorados, à força, daquele baile, puxando-os pelos braços. As solteiras também foram embora, não resistiram à pressão da indiferença! Ficou o restante dos homens, os solteiros, esperando a sua vez de serem chamados para o seu momento de felicidade.
            Cada beijado saia com cara de extrema alegria, rindo com os olhos esbugalhados. Parecia que estavam em transe, uns dançavam freneticamente, outros se sentaram ao lado do alambrado decorado e suspiravam. A essa altura o som era só com DJs, a banda já havia acabado sua apresentação. Eram quase três da manhã. Norberto estava extremamente com vontade de beijar aquela garota, sentia a boca salivar de desejo e o corpo arrepiar só de pensar no toque dela. Faltavam agora só dois esperando a vez do beijo... Ela terminou. O batom negro sequer se alterou, apesar daquela infinidade de beijos. Assim que ela acabou de beijar o último foi indo para fora do baile. Os homens que ele tinha beijado continuavam como em transe profundo. Ensimesmados, não notavam mais nada ao redor, nem mesmo a garota.
            Tomado de imenso impulso Norberto foi atrás da mocinha. Estranhamente não sentia qualquer sinal da sua timidez habitual. Abordou-a virilmente pegando-a pelo braço, ela fez meia volta e o olhou nos olhos, sorrindo em seguida. Norberto sentiu algo dentro do peito. Ela esperou, sem palavras. Ele começou a falar.
            – Eu quero te beijar, eu preciso te beijar. Por favor, eu quero te beijar!
            – Eu não quero te beijar, Norberto.
            – Como sabe o meu nome?
            – Eu sei de muita coisa, mas não me convém te contar.
            – Posso ao menos saber o seu nome?
            – Me chamo Lígia Strowski!
            – Você não vai me beijar, Lígia? Eu preciso... – Norberto começou a chorar de desespero pela negativa.
            – Não precisa chorar, Norberto. Eu não quero um beijo seu, quero uma coisa melhor. Quero que você vá embora comigo.
            Norberto sorriu maliciosamente com o pedido; enxugou as lágrimas num instante. Pegou-a nas mãos e a levou até seu carro. Ela olhava para os olhos dele. Entrou no veículo e abriu, por dentro, a porta do carona. Lígia entrou, exalando um perfume fresco. Mesmo com a muvuca do baile e todos aqueles beijos ela permanecia como se estivesse acabado de sair de um banho. Lígia lhe disse que sua casa ficava em um sítio na direção da cidade de Guapirama.            Transitavam pelo asfalto e noite negros, não havia movimentos na estrada. Para curtir o momento ele acelerava a lentos vinte por hora. Curiosamente, não encontrava palavras para dizer, ela também não disse nada. Eles só se flertavam e sorriam um ao outro, como dois apaixonados. Norberto estava feliz.
            Em determinado ponto ela disse as únicas palavras depois que entrou no carro.
            – Pode parar ali. Eu moro logo ali.
            Norberto encostou no estreito acostamento repleto de capim colonião. Nem se ligava nas paisagens, a sua única visão era a adorável Lígia. Logo que o carro estacionou ela abriu a porta e disse “Adeus Norberto, obrigado pela carona! Foi bom te conhecer pessoalmente!” E saiu correndo subindo uma escada que dava para um portal encoberto por algumas vegetações. Norberto teve um ímpeto e um vazio no peito.
            – Espera aí, Ligia! Espera um pouco! – disse ele, abrindo a porta do carro. Saiu correndo atrás dela. Ela nem olhou para trás. Ele subiu as escadas e atravessou o portal, não via nada ao redor, apenas visualizava Lígia correndo a uns cinco metros a sua frente. E como era gracioso observá-la correr com os movimentos das grossas coxas brancas em movimento intermitente e alternativo. Ainda exalava após si um delicioso perfume. Abruptamente ela parou em cima de algo e disse adeus. Ao mesmo tempo em que desapareceu feito uma bolha de sabão. Como num estalar de dedos Norberto percebeu que estava em cima de um túmulo, no meio de um pequeno cemitério, que era chamado pelas pessoas da região de o Cemitério dos Polacos. O jazigo ficava em baixo da sombra tenebrosa de uma falsa seringueira. Quando olhou para as inscrições na lápide se arrepiou dos pés a cabeça e soltou um terrível grito de pânico. Leu o nome da dona da sepultura: Lígia Strowski. Imediatamente seguiu uma terrível rajada de vento e galhos começaram a despencar da seringueira. Norberto saiu correndo apavorado, foi meio que tropeçando pelos túmulos, desceu as escadas, entrou no carro o mais rápido que pode e retornou, trêmulo e ofegante de pavor, para a cidade. Ele rezava e se benzia. Realmente não sabia se o que tinha presenciado era real ou um surto. “Mas surto nunca tivera e tudo parecia tão real.”
            De volta à cidade, era já quase quatro e meia da madrugada. Decidiu passar em frente do ginásio de esportes para ver se pelo menos o baile tinha ocorrido. Ao chegar a cem metros da entrada, visualizou três ambulâncias e dois carros da polícia com o irritante giroflex ligado. O que teria acontecido? Foi verificar. No interior do ginásio de esportes, vários homens caídos; enfermeiras e socorristas os examinavam. Alguns enfermeiros meneavam cabeça num nítido sinal de morte. Norberto deu um grito de horror quando viu que todos os homens que tinham beijado Lígia estavam mortos.  Trêmulo, perguntou para um enfermeiro o que estava acontecendo. O enfermeiro disse que ao que tudo indicava se tratava de morte por envenenamento, mas iriam mandar os corpos para o IML para certificar.
            Norberto foi embora apavorado, tomou um banho e começou a se esfregar freneticamente para que os lugares do seu corpo que tinham entrado em contato superficial com Lígia não o contaminassem. Em seus devaneios achou que poderia se tratar de alguma doença altamente infecto contagiosa.
            Foi se deitar, estava exausto e trêmulo. Naquele resto de noite dormiu de luz acessa. Sonhou que estava beijando Lígia, ele tentava fugir dela mais não tinha forças para resistir a seus encantos. Enquanto a estava beijando a sensação era maravilhosa, mas quando as bocas se separavam vinha a sua mente a cena de todos aqueles homens mortos e então começava a cuspir. Quando acordou foi direto ao banheiro para lavar a boca, estava com um gosto doce. Ficou por cerca de uma hora escovando os dentes.
            Depois disso Norberto ficou completamente estranho, não conseguia falar com mais ninguém, nem com sua mãe. A sensação de pânico era real. Para completar o seu medo, o cortejo fúnebre das vítimas passou pela frente de sua janela, já que residia na rua do cemitério central. A mãe entendeu que o filho devesse estar traumatizado em razão do que quer que tenha ocorrido naquele maldito baile.
            Durante uma semana sonhou o mesmo sonho com Lígia. Não estava aguentando mais escovar os dentes, as gengivas estavam a ponto de sangrar. Não foi mais para o trabalho e ficou trancado em seu quarto. Imaginava quem seria Ligia e por que ela estava fazendo isso. Começou a pesquisar na internet, mas não havia registro de Lígia Strowski.
            Nos raros momentos em que não estava surtando de medo, imaginava os beijos saborosos que dava em Lígia Strowski em seus sonhos e que depois de dados se transformavam em asco. O beijo dela era como uma droga que ele não tinha mais forças para resistir. Comprou quatro litros de antisséptico bucal e fazia gargarejos constantes.
            Não suportando mais a situação decidiu que tinha de saber quem foi Lígia Strowski. O único jeito seria perguntar para os moradores mais idosos da colônia São Miguel e que deveriam conhecer aquele cemitério e seus mortos. Encontrou um senhor de uns oitenta anos, bem lúcido. Durante muito tempo aquele senhor foi o coveiro daquele lugar.
            – O senhor conheceu Lígia Strowski, seu Nicolau?
            – Sim, era uma moça muito bonita.
            – E de quê ela morreu?
            – Alguém a presenteou com um batom negro. – Norberto teve um arrepio.
            – Mas a moça morreu por quê?
            – O batom tinha um veneno potente, e algumas horas depois que ela espalhou o batom nos lábios começou a ter uma forte convulsão e morreu.
            – Minha nossa, e quem fez uma barbaridade dessas?
            – Ai que tá, ninguém sabe.
            – Quando foi isso?
            – Foi em 1980!
            Norberto foi embora com as palavras do velho na cabeça: “foi em 1980”. Curioso! Fazia uma semana que Norberto não ia ao trabalho e não conversou com ninguém exceto com seu Nicolau. Chegando a casa sua mãe não suportou mais a situação e perguntou quando é que ele voltaria ao trabalho e conversaria com ela. Ele só respondeu com um sorriso amarelo.
            Na mesma noite sonhou novamente com Lígia Strowski. Ele não aguentava mais isso. Dessa vez não foi escovar os dentes. Pegou seu carro e decidiu ir direito ao cemitério da colônia. Eram quatro e meia. Deixou o uno na beira da estrada e subiu as escadas. Quando chegou ao jazigo de Lígia a chamou.
            – Lígia, Lígia, onde você está? Apareça! Por que está fazendo isso comigo?
            O silêncio foi fúnebre, ele começou a chutar o túmulo e a gritar; chorava desesperado, querendo se descabelar. Durante dois minutos gritou e se escabelou freneticamente. Quando sentou exausto na lápide de Lígia, ofegante, choroso e desanimado, sentiu uma mão em seu ombro, girou rapidamente o tronco. Era ela. Lígia Strowski. Linda como a havia visto no baile.
            – Lígia, quem foi que te envenenou?
            – Foi uma garota que ficou com ciúmes porque o cara que ela queria era apaixonado por mim...
            Antes que ela falasse mais Norberto se aproximou de Lígia e tascou um longo e delicioso beijo de língua nela. A sensação que teve foi de felicidade plena. Finalmente, pensou. Logo que as bocas se afastaram Lígia perguntou.
            – Você não vai querer saber quem é a garota que me envenenou?
            – Quem era ela, Lígia, meu amor?
            – Sua mãe.
            Nisso Norberto não viu ou ouviu mais nada, apenas silêncio e trevas. No outro dia, pela tardezinha, a polícia encontrou o corpo de Norberto jazido em cima da lápide de Lígia Strowski.
            Quando a mãe de Norberto soube da notícia teve um surto nervoso e ficou internada. Em coma só dizia uma frase, repedidas vezes. Foi em 1980, foi em 1980, foi em 1980...

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