GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM MUNICÍPIOS DE PEQUENO PORTE:
IDENTIFICAÇÃO DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES
Apresentei esta dissertação no programa de Mestrado em Administração Pública pelo Profiap - UTFPR ( Universidade Tecnológica Federal do Paraná), cujo objetivo foi identificar e analisar as principais dificuldades na gestão de resíduos sólidos (GRS) em municípios de pequeno porte da microrregião de Wenceslau Braz, Paraná.
Municípios pesquisados
Foram investigados os seguintes municípios:
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Wenceslau Braz
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Carlópolis
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Guapirama
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Siqueira Campos
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Joaquim Távora
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Quatiguá
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Salto do Itararé
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Tomazina
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Santana do Itararé
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São José da Boa Vista
Metodologia
A pesquisa analisou dados oficiais das plataformas SINIR (Sistema Nacional de Informações sobre Gestão de Resíduos Sólidos) e SINISA (Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico), os planos municipais de gestão integrada de resíduos sólidos (PMGIRS), informações públicas obtidas via pedidos formais e os sites oficiais dos municípios. O objetivo foi comparar a realidade local com a legislação vigente e a literatura acadêmica sobre GRS em pequenos municípios.
Resultados principais
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Lacunas nas declarações das plataformas SINIR e SINISA: Todos os municípios apresentaram dados incompletos ou desatualizados, dificultando a análise precisa da situação.
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Falta de transparência nos sites oficiais: Informações públicas sobre a gestão de resíduos eram insuficientes ou inexistentes, comprometendo o controle social.
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Planos municipais desalinhados com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS): Muitos PMGIRS estavam desatualizados, pouco claros ou incompletos, sem metas ou ações eficazes.
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Estrutura razoável para coleta e disposição final: Apesar das falhas administrativas, a maioria dos municípios conta com sistemas básicos para coleta e destinação dos resíduos, incluindo iniciativas consorciadas.
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Deficiências na gestão:
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Falta de qualificação técnica dos gestores e operadores.
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Desconhecimento dos dados reais sobre geração e destinação dos resíduos.
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Ausência de fiscalização adequada e controle dos serviços.
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Campanhas de conscientização públicas pouco efetivas e pouco frequentes.
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Ausência de política municipal robusta: Os municípios carecem de legislação local específica e organizada para a gestão dos resíduos.
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Falta de apoio técnico e capacitação: Os governos estadual e federal não oferecem suporte suficiente para capacitação e assistência técnica às administrações municipais.
Os planos de gestão de resíduos são mais um relatório do que um plano em si mesmo.
Comparação com a literatura acadêmica
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Os problemas identificados na microrregião são amplamente recorrentes em pequenos municípios brasileiros.
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Má gestão representa cerca de 73,91% dos problemas locais, e 77,8% na literatura, enquanto dificuldades financeiras são citadas em 26,09% e 22,2%, respectivamente.
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Contudo, as questões financeiras não foram comprovadas por dados concretos, sugerindo que o principal entrave é a gestão inadequada.
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A ineficiência administrativa, falta de transparência, ausência de legislação específica e o uso inadequado das plataformas SINIR e SINISA são pontos críticos em ambos os contextos.
Conclusão
A principal dificuldade enfrentada pelos pequenos municípios é a deficiência na gestão da coleta, tratamento e destinação dos resíduos sólidos, e não a falta de recursos financeiros como se costuma alegar. Essa má gestão se manifesta na ausência de transparência, inexistência de políticas municipais estruturadas, desconhecimento e falta de controle sobre os dados, além da escassez de fiscalização e de campanhas educativas.
O estudo recomenda:
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A adoção obrigatória da Política Nacional de Resíduos Sólidos como norma municipal, para garantir um arcabouço jurídico eficaz.
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Criação de comissões locais de gestão de resíduos sólidos (CGRS) para implementar e monitorar as ações necessárias.
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Investimento em capacitação técnica e apoio governamental estadual e federal para os gestores municipais.
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Melhoria da transparência e do controle social, através do acesso facilitado às informações públicas.
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Promoção contínua de campanhas de educação ambiental.
Essas medidas são viáveis e não dependem exclusivamente de novos recursos, mas sim do aprimoramento da gestão, do compromisso político e do engajamento da população.
Para consultar a dissertação na íntegra, acesse a dissertação na íntegra.