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Uniforme do Exército Brasileiro em 1926. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/708542953868435313/ |
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Uniforme do Exército Brasileiro em 1926. Fonte: https://br.pinterest.com/pin/708542953868435313/ |
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Na década de
1980, numa noite aparentemente normal na PR-92, nas terras entrecortadas pelas montanhas baixas do Norte Pioneiro do Paraná um grupo de universitários
retornava de Jacarezinho para Wenceslau Braz.
O velho ônibus
que os trazia apresentou uma pane mecânica, quer por coincidência do acaso,
quer por seu estado precário. O motorista teve que parar no acostamento. Era
quase meia-noite e a estrada estava deserta, envolta em um silêncio, ora
entrecortado pelo farfalhar do vento e corujas estridentes. O desespero
começava a se infiltrar entre os passageiros mais receosos, até que, ao longe,
se aproximava os faróis do que parecia ser um ônibus, rasgando a escuridão.
Era um coletivo
da Viação Garcia, puderam ver, que se aproximava vagarosamente. O veículo reluzia
sob a luz da lua. O motorista, um homem de feições gentis, parou e ofereceu
ajuda aos universitários. Aliviados, os estudantes embarcaram no ônibus. Mas
menos de dois quilômetros a frente, o alívio deu lugar à estranheza.
Os estudantes observaram que os demais passageiros estavam estranhamente vestidos de branco, mantinham-se em um
silêncio sepulcral e encavam o vazio à frente de seus olhos. Não se ouviam
risos, nem murmúrios, nem o tilintar de bolsas ou chaves. Apenas o ronco baixo
do motor, que ecoava por entre os corpos estáticos. Havia também um cheiro doce
no ar, algo um tanto indefinido, como flores murchas misturadas ao leve odor de incenso queimado.
Durante a
viagem, os universitários trocaram olhares, inquietos. Algo não parecia certo.
O clima no ônibus era pesado, como se carregasse uma história mal contada, um
segredo sombrio preso entre seus assentos. Cada quilômetro percorrido aumentava
a sensação de que estavam deslocados, como se estivessem atravessando uma
fronteira invisível.
O que significaria,
aquilo, um bando de pessoas que seriam transportadas ao hospício? Todos de
branco, ninguém falava com ninguém, e ninguém nos fitava, nem sequer mudavam de posição e permaneciam como se estivessem
olhando para o além.
Quando desembarcaram
do ônibus os universitários sentiram um grande alívio. Embora estivessem
agradecidos pela carona, também estavam agradecidos por terem saído daquela
atmosfera esquisita e assustadora.
No dia seguinte,
uma das jovens estudantes, grata pelo transporte, decidiu ligar para a Viação Garcia
para agradecer pela carona salvadora. Ao descrever o ônibus e o motorista
gentil, a atendente, do outro lado da linha, ficou em silêncio.
Um instante
depois, com a voz embargada, a atendente revelou que a empresa Garcia não tinha
linha usual entre Jacarezinho e Wenceslau Braz e que o ônibus descrito havia se
acidentado na mesma noite, nas imediações de Cornélio Procópio. Além disso, o motorista e todos os passageiros que
estavam a bordo haviam morrido, sem exceção.
O sangue da jovem gelou e ela sentiu uma forte tontura por uns dez segundos, até que, arrepiada começou a pensar. "Como poderia ser? Eles haviam pegado carona naquele ônibus que estava indo ao além. Será que estavam indo ao além vida? Conversamos com o motorista, respiramos aquele ar estranho borrifado a perfume de rosas, vimos as roupas brancas e os olhares para a imensidão, como se estivessem vislumbrando o nada, exceto o motorista, por assim dizer, parecia normal, mas, pensando bem, estava de roupas brancas também, porém, no momento todos acharam que era o uniforme da Garcia."
Definitivamente, o ônibus que os havia resgatado não mais era um simples coletivo – era um mensageiro de almas, transitando entre o mundo dos vivos e o reino dos mortos, talvez em busca de companhia ou, quem sabe, de um último trajeto pela estrada que um dia fora seu destino final.
A mesma aluna que ligou para a empresa, por vias das dúvidas, resolveu encomendar uma missa para os passageiros falecidos no acidente com o ônibus da Garcia, afinal, quem sabe não era isso que queriam em troca da gentil carona.
Esta história permaneceu em segredo por um bom tempo, isso porque os estudantes achavam absurdo demais comentar, porém algum dia alguém resolveu revela-la ao jornal folha extra.
Este conto é uma adaptação da história "Ônibus Garcia" contido no Jornal Folha Extra, na coluna "Lendas do Interior".
Ícone Santa Tita e as 8 Crianças |
Em 4 de abril de 1986, na Colônia São Miguel, em Joaquim Távora, enquanto lecionava, o botijão de gás que Maria utilizava em um fogareiro para preparar a sopa para o lanche de seus treze alunos, posicionado na única porta da escola, transformou-se acidentalmente em um lança-chamas, que acabou por incendiar a sala da escola, a qual era feita de madeira. No entanto, a professora, com o fim de salvar seus alunos, se recusou a deixar o local, conseguindo assim passar as cinco crianças menores pela janela, mas as outras oito não. Maria Beruski morreu carbonizada junto dos últimos oito alunos e entre os escombros da sala foi encontrado seu corpo, abraçada com as crianças.[4] Além da professora, as vítimas fatais eram: Tereza Luiz Rosa, de 13 anos, Carlos Luiz Rosa, de 11, Amaury M. de Queiroz, 9, Lucélia Glomba, de 8 anos, Lucimeire Borandelik, 8, Salomão Bachtich, 8, Laert Luiz Rosa, 7, e Alexandra Marim[5], de 7 anos.[6] Como o desastre teve grande impacto na região, os moradores locais começaram a orar pelas vítimas e pedir sua interseção, em culto privado, criando, dessa forma, um vínculo religioso de devoção e santidade popular, sobretudo em torno de Maria Aparecida Beruski. (Wikipédia 2023)
Maria Aparecida Beruski (Santa Tita) |
"A escola era como se fosse um salão. De repente, a botija explodiu e as chamas se espalharam muito rapidamente. O calor era insuportável. Eu era um garoto muito ligeiro e consegui sair por uma pequena janela. Já do lado de fora, puxei outros colegas. Mas, infelizmente, não foram todos que conseguiram fugir'', relembra o agricultor Celso Leonel Carvalho. Na época, ele tinha 12 anos e foi a primeira das cinco crianças que conseguiram se salvar. (Blog Universo Ucraniano)
''Ela tinha 27 anos. Era uma pessoa muito bondosa. Amava seus alunos. Já faz algum tempo, mas para nós parece que a tragédia aconteceu ontem. Minha sobrinha deu a vida por seus alunos. Vendo o prédio pegar fogo, ela preferiu ficar com as crianças, ajudando a salvar algumas, do que fugir das chamas. É uma mártir, mas agora o nosso bispo quer canonizá-la'', comenta Maria Miskalo. (Blog Universo Ucraniano)
Túmulo de Maria Beruski e seus alunos. |
Após sua morte, Maria passou a ser localmente venerada como uma mártir, tanto por seu extremo exemplo de amor como pelos milagres que foram relatados em seu túmulo, em Joaquim Távora. Em 2007, Dom Jeremias Ferens relatou que sua diocese havia reunido diversos relatos de milagres em uma hagiografia, entre eles os casos de uma pessoa curada de alergia e de uma criança que tomou querosene por engano e escapou da morte, e planejava encaminhar o processo de sua glorificação junto com o das oito crianças que morreram com ela, o que faria dela a primeira santa ortodoxa latino-americana formalmente glorificada, a ser comemorada no dia 4 de abril. (Wikipédia 2023)
Pe. em visita ao sepulcro |
Caso queira se aprofundar mais recomento um interessante Estudo sobre o processo de canonização de Santa Tita.
Adendos
Melnik 2017 afirma que Maria Aparecida Beruski está no processo de canonização pela Igreja Ortodoxa, ou seja, ainda não é santa pelas diretrizes oficiais dessa instituição.
Não encontrei informações atualizadas sobre se o processo de canonização foi concluído ou não.
Infelizmente, segundo Melnik (2017) o dossiê do processo do processo de canonização não permite acesso público.
Referências:
https://tcconline.utp.br/media/tcc/2018/10/O-PODER-DA-RELIGIOSIDADE-POPULAR.pdf
https://ucrania-mozambique.blogspot.com/2007/10/ucraniana-primeira-santa-da-amrica.html
https://www.johnsanidopoulos.com/2018/04/maria-berushko-of-brazil-and-eight.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Aparecida_Beruski
Correio de Notícias 5/4/1986 |
Foto tirada em Havana, Cuba em 1861 |
João Maria de Agostini. De origem italiana, chegou às Américas em 1838, vivendo em várias regiões do Brasil, incluindo o Rio de Janeiro, Santos, Sorocaba e Rio Grande do Sul, onde introduziu o culto a Santo Antão. Sua prisão foi decretada em 1848, forçando-o a se refugiar. Retornou à província em 1851, enfrentando conflitos devido a seu discurso contra a escravidão. Buscou passaporte para o Paraguai em 1852, sendo avisado para deixar a província em 30 dias ou enfrentaria prisão e deportação. Seu paradeiro, foi revelado por informações de dois livros. Após deixar o Brasil, passou por Paraguai, Argentina, Chile, Bolívia, Lago Titicaca, Peru e América Central, sendo preso no México em 1859. Deportado para Cuba, foi recebido com entusiasmo e tirou uma famosa foto em Havana. Viajou para Nova York, Canadá e, finalmente, para o Oeste dos EUA. Viveu como eremita no Novo México até 1867, quando se dirigiu para Mesilla, onde foi assassinado em abril de 1869 por possíveis índios Apaches em guerra contra a ocupação branca. Seu corpo está enterrado no cemitério católico de Mesilla, a 80 quilômetros da fronteira com o México.
José Maria e suas virgens videntes. |
Quadros Santos representava uma praça de formato retangular onde uma igreja estava situada, e em cada um dos quatro cantos, grandes cruzeiros marcavam pontos significativos ao redor dela. A formação dos redutos resultava na criação de uma irmandade.
Quanto aos Pares de França, constituíam uma unidade de elite, composta por vinte e quatro cavaleiros altamente equipados, montando cavalos brancos ricamente adornados. Durante os confrontos, carregavam consigo um estandarte branco ou de outra cor, destacando uma cruz no centro.
A história ou relato que descreverei narra o quadro das caçadas que eram promovidas pelos ditos "desbravadores" e colonizadores destas terras do Norte Pioneiro do Paraná contra os índios caingangues, também chamados de bugres pelos habitantes locais. Uma realidade sangrenta e cruel, até impiedosa, e que muitas vezes é omitida do conhecimento popular. Vejamos:
O Homem das Sete Orelhas
Por volta de 1880, chegava a Santo Antônio da Platina uma família vinda de Fartura, Estado de São Paulo, para a conquista das terras adquiridas do Governo Imperial. Estabeleceram-se na atual Fazenda Santa Joana. Derrubaram a mata, plantaram e construíram suas casas.
No começo, os índios não incomodavam, mas depois começou a surgirem conflitos.
João Francisco, um ex-escravo que morava com a família, era um homem bravo, temido por todos. Quando havia caçada aos índios, a prova da morte era trazer a orelha direita do índio morto. “As orelhas eram cortadas e colocadas num canudo de taquara.”
Conta-se que a matriarca da família certa vez estava fiando, em seu sítio, quando chegou João Francisco e despejou em seu colo os troféus nefastos. Estava grávida e com o susto que levou, abortou.
O “sete orelhas” era pessoa temida pelas crianças e adultos mais inocentes, na época antiga.
Fonte: Pioneiros e Desbravadores de Santo Antônio da Platina. Ficha preenchida por Ivone Mendes de Souza Tanko, livro Contos e Lendas Populares do Paraná.